sábado, 10 de janeiro de 2009

sem saída








ondulam
copos
sobre a tormenta
do balcão
do bar
é sexta-feira
de madrugada
profunda
desgraçada
mas desejada
perdida
turva
excessivamente turva
as sombras
deitadas ou
reclinadas sobre o balcão
mal desenhadas
através do nevoeiro
de centenas de cigarros
e da humidade
vivem o sagrado momento
da náusea e do vómito
que nunca sai
(fruto de vasta
experiência e orgulho)
a tempestade aumenta
os corpos arrastam-se
os bêbedos
e as putas
os copos e as garrafas
desalhinhados
outros caídos
o barman
quer fechar
descansar
informa várias vezes
depois busca
um grande
taco de basebal
e ameaça
ninguém liga
o ser não
se quer mover
nem um
centimetro
só quer mais um copo
e dormir
dormir muito
por uns segundos
recuperar
para a próxima
rodada
descansar o corpo desfeito e
maltratado
já sem salvação?
Mas quem quer saber?