sábado, 1 de novembro de 2008

strip





Na rua estava uma noite morna. Não prometia nada de especial. Beberia uns copos, sentado ao balcão. Longe da verdadeira “acção”, a actuação das stripers. Trocaria meia dúzia de palavras insinuantes com a super-boa bartender, que tem os belos seios nus. O balcão, naturalmente, está a abarrotar de homens que esperam um milagre: dormir com aquela deusa do sexo, custe o que custar… Olharia para a gaja que estava no passeio das stripers. Boa, belas mamas, longas pernas, boca carregada de batôn e falsas promessas de uma grande noite. Maquilhagem exagerada e a começar a borrar, efeito do suor – suor e sexo sempre ligaram bem um com o outro, o calor do desejo e dos corpos a arder de sexo reprimido criam, juntamente com o fumo dos muitos cigarros fumados em menos de nada, um ambiente quente (e com um cheiro muito próprio) que obriga a beber muitos líquidos (a ideia é essa) e a umas idas à rua; mesmo com o risco de perder a actuação da striper seguinte, que é sempre melhor do que a anterior, segundo dá a entender indirectamente, pelo sistema de som, o dj de serviço, que tem ar de quem não se lava há um mês e que as raparigas veneram. Vislumbram-se na penumbra avermelhada (as luzes, nestes locais têm sempre uma tonalidade da cor do pecado) várias mesas com machos ansiosos – é que as meninas após os números sensuais e verdadeiramente acrobáticos, no varão, podem ir, mediante pagamento, dançar no colo dos clientes, deixando aqueles completamente loucos! Previamente avisados de que não podem tocar, nem com um dedo, nas raparigas praticamente virgens -, copo, garrafa e cigarro aceso à frente. O dono do bar e os “empresários artísticos” das belas moças, quase todas emigrantes brasileiras, espanholas e oriundas dos países de leste, não gostam nada que se lhes toque, que se lhes mexa. O que não impede uma ida á pensão, ali perto, para praticar sexo. Mas cada coisa a seu tempo e no seu lugar. Acontece muitas vezes, durante a lap dance, verificarem-se cenas de violência, muitas vezes acabadas na rua, ao murro e à navalhada, com abundante derramamento de sangue, entre, os clientes desvairados e bêbedos que se pegam (após uma breve apalpadela ou um beijo que estão proibidos de dar) com as raparigas, os respectivos “proprietários” e os implacáveis seguranças. Há muito sangue limpo de manhã, pela empregada, naquele passeio à frente da porta do “Paraíso”. Já lá morreu um, de tanto sangrar, numa noite de Inverno, perto do dia de Natal. Consta que ninguém viu nada, e, na verdade, não houve presos, nem culpados, tal como não houve grande intervenção da polícia. Segundo me contaram morreu à facada. Dizem que não foi uma morte gratuita, pois a rapariga era “linda de morrer”. Nesta noite em que fui lá beber uns copos e olhar para as jovens, tudo foi morno, como a noite, e nada aconteceu, que valha a pena acrescentar…

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