sexta-feira, 19 de setembro de 2008

blue


E a subjectividade, sempre a subjectividade; a liberdade sem fim. A fraternidade e a igualdade esquecidas. Uma mão cheia de areia escaldante do deserto que escorre dedos abaixo. Paixões, amores e seres humanos esquecidos, perdidos. Uma vela, luz. Iluminação; iluminações, beleza sem fim, vida sem certezas e o tempo que não pára. A ampulheta parte-se; nómadas de pele azul indigo e Rimbaud cabelos rebeldes ao vento. Com ou sem luz, com ou sem tempo, falta algo. Sobram o instinto e as entranhas: não gosto da razão. Só do sol e do calor, das maravilhosas e belas mulheres de pele morena, da melancolia (como um longo blue, em tom menor), mas também da alegria. E a simplicidade, a honestidade e a fome e a sede e a doença e as crianças a chorar… Por esse mundo fora. E o sul, sempre o sul, e África – onde nasci, com tanto orgulho. O sul da desgraça contra o norte da razão e do capitalismo das mais-valias. Por fim, a revolta, a vontade de matar, de vingar quem não pode; a raiva profunda, outra vez, a vontade de matar. Peço pelos inocentes e necessitados, porque hoje, nada mais posso fazer… Os deuses nos muitos Olimpos deste mundo não querem saber senão de si próprios.

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