sexta-feira, 19 de setembro de 2008

a cidade


A cidade é escura
Lodosa
Plena de mistérios
Vidas
Na estranha corda
Do equilíbrio
Da sobrevivência
Chove
Há fome e doença
E tiros
E navalhadas
Aqui e ali
Nada tem valor
Aqui onde todos esfolam todos
As pessoas caminham pela humidade
E pela sombra
Sorrateiros
Escondidos
Do perigo
Temem pela sua vida
Bebem vinho podre
Fumam beatas do chão
Estão-se cagando
Para adeus e para os deuses
Nunca
Mas nunca choram
Nem uma lágrima
Nem um afecto
Só sexo podre
Nas esquinas
E nas pensões
Tão sujas que são
Se podem dizer

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